[Pequenos Guardiões vol. 1 e 2, 2008]
Três anos depois que causar furor no mercado de quadrinhos americanos, saem agora no Brasil os primeiros volumes da série independente “Os Pequenos Guardiões” (Mouse Guard), pela Conrad Editora. Criada por David Petersen, a série quadriniza as aventuras dos membros da Guarda, um grupo de camundongos guerreiros designados para defender os civis em quais quer situações e manter o reino a salvo de futuras invasões.
De maneira bem despretensiosa, Petersen utiliza como principal pano de fundo os valores da cavalaria medieval, para aos poucos temperar esse ambiente com uma intrigante trama que acaba cativando o leitor a prosseguir com a trama. Apesar de econômico a cada edição [umas das características do quadrinho underground americano], “Os Pequenos Guardiões” sabe criar nos seus mínimos detalhes elementos de um enredo que parece desembocar para uma conclusão grandiosa. E muito disto se deve ao traço do criador dos bravos camundongos.
David Petersen deixa de lado qualquer interpretação cartunesca sobre seu mundo e o recria da forma mais realística possível, apesar de seu principal público seja o infato-juvenil. Seus camundongos pouco guardam traços humanos e pouquíssimos elementos fantasiosos são utilizados, apesar duma trama medial erroneamente dita inspirada em Tolkien, o mundo que a Guarda tem que defender é arduamente realista e perigosa para seres com seu porte diminuto.
Com tudo isso, o autor se mostra um quadrinista consciente do valor de sua obra. Seus diálogos são curtos e eficientes, sua arte com o lápis é algo impossível de não admirar e sua diagramação simples consegue dar um ótimo ritmo a cada edição [dando aquele gosto de querer ler mais e mais!]. Interessante saber que esta é única grande publicação de David Petersen, mantendo quase totalidade de sua obra numa distribuição independente entre conhecidos e familiares.
Apesar de surgida numa estrutura com raízes no indie comics [a expressão underground comics parece ter ficado no século passado], se depender dos esforços do autor “Os Pequenos Gurreiros” será adaptada para cinema numa animação em 3D, projeto em fase de pré-produção e sem previsão de lançamento. E promessas para continuidade da série é o que não falta nas palavras de David Petersen. Enfim, leitura recomendada para quem desejar ter contato com algum material do crescente mercado indie nos quadrinhos americanos atualmente.
por Dario Mesquita