Feijão com Arroz [mas com uma pimentinha no canto]

13 11 2008

007 – Quantum of Solace

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Vamos em partes. Cassino Royale foi uma daqueles filmes que fez qualquer fã de James Bond levantar as mãos para os céus e agradecer a todos os deuses possíveis por realmente salvar uma franquia que vinha definhando completamente nas últimas décadas. Revigoramento a parte, o que se fez com 007 foi pegar as influências de produções de espionagem como Alias e Jason Bourne, colocar num liquidificador para depois fazer um prato chique acompanhado com vinho de marca – e esqueçam aquelas engenhocas enfadonhas e estapafúrdias, elas agora são mais sutis. Oh, pois não é que funcionou!

Pois agora temos uma continuação direta do primeiro filme, 007 – Quantum of Solace, do diretor alemão Marc Forster, que já não vem com tantas inovações, mas simplesmente firma a construção do James Bond de Daniel Craig na obra anterior. O forte do filme ainda se mantém, um equilíbrio entre enredo e cenas de ações, mas isto por pouco escapa pelas mãos do diretor. A forma de edição extremamente picotada em algumas seqüências de ação é quase uma ejaculação precoce, a tensão toda se perde em câmeras tremidas, movimentos bruscos e pouco foco, a pessoa logo abusa e encosta-se na poltrona esperando que James Bond vença logo e a trama prossiga – ainda bem que pro final isso fica moderado [ou a gente se acostuma?].

É uma tentativa meio doida de novamente de chupar o estilo de Bourne [especialmente do ultimo filme], mas que felizmente tem um contra peso de ações paralelas, como nos primeiros minutos do filme onde se constrói uma perseguição tendo como paralelo uma corrida de cavalos [que inclusive antecipa o desfecho da seqüência, uma ótima saída].

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O enredo em si não tem grandes segredos, pois o forte dele está nos personagens, do principal ao coadjuvante, criando assim uma cara de verdade a marca 007 de fazer filme. A relação entre James Bond e M (Judi Dench) é aprofundada, assim como o contexto de organizações secretas que estão em jogo no universo de 007. E não esquecendo a nova BondGirl, Camille (Olga Kurylenko), que talvez nem seja tanto assim, por ser atípica dos outros filmes, pois ela tem uma personalidade mais forte e independente de 007 – ou seja, ela não é biscate, o que pode tornar ela útil em futuras seqüências, espero.

Nem vou encostar na sinopse, melhor deixar a sujeito limpo na hora do filme, saber que ele ocorre logo depois do outro filme é suficiente. Em seguida surgiram ótimos spoilers e diálogos que irão dar o tom de todo ambiente desta nova fase da franquia e da personalidade explosiva e misteriosa de James Bond.

007 – Quantum of Solace faz o básico de todo filme de ação, com alguns errinhos talvez, mas nada que atinja o verdadeiro mérito do filme: dar mais profundidades aos personagens da série, mesmo com um roteiro bastante corrido. Isto sem apelar para vilões excêntricos, bugigangas sacais ou todos os outros clichês do 007. Mas os temas de abertura continuam.

por Dario Mesquita